Sua mãe não se importava. Seu pai mal sabia. Amigos? Não existiam. Amores? Poucas decepções. O mundo parecia não gostar daquele garoto, e ele pouco se importava com o mundo. Era o último a ser escolhido no futebol, o primeiro a ser o “ajudante” do professor. Era tímido, complicado, preso em um mundo que ele mesmo criara para se proteger do mundo, do mundo de verdade. Ele tinha tanto para falar, argumentar, se expressar! Queria ser príncipe, mas achava o vilão mais engraçado. Queria ser grande, porém sabia que EVOLUIR é mais gostoso que nascer com tudo nas mãos. Queria ajudar o mundo. Seja da forma que for. Ele queria ser útil e descobriu da pior maneira que era um inútil. Se viu deprimido, caído, pisoteado. Sabia que tudo aqui era equivoco e que mais cedo mais tarde ele encontraria a felicidade. O mundo gira porém faz isso na velocidade que bem entende. Tudo era complicado demais. Pensou em sair correndo, em se enfiar em um buraco, em se enclausurar em um quarto escuro e esquecer do resto dos habitantes deste planeta. Se sentiu um derrotado, um louco deprimido. Foi ao chão.

Algumas horas se passaram e o que era negro se tornou claro. Descobriu que tudo não havia passado de um pesadelo. A vida dele continuara igual. Tudo no seu devido lugar. Seus pais ainda o amavam, seus amigos estavam ali, seus anseios eram os mesmos, seus problemas também. Enfim, tudo continuara igual! Mas, então o que mudou? Acho que ele viu que não adiantava fugir, mais cedo ou mais tarde os problemas iriam voltar. O garoto estava incrivelmente mudado. Transubstanciado. Estava confiante, confidente. O Garoto estava mais alegre, e esperançoso. Sabia que a hora dele estava por chegar. Sabia que a felicidade já estava ali, só faltava ele enxergar. Viu que tudo muda tão rápido, e que ele não deveria perder nem um minuto da sua vida, pois ele é dele e de mais ninguém. O Garoto viu, que ele estava no caminho certo. Só faltava caminhar mais um pouco. Se o percurso seria longo ou não, só Deus sabia. Mas ele estava com o coração tranqüilo, com a mente quieta e com apenas um papel dobrado no bolso, onde se lia a frase: “Carpe Diem”.