Uma breve história sobre as diferenças
O problema de escrever diversas
vezes sobre o mesmo assunto é que em determinado momento você não consegue ao
menos começar. Parece que tudo se transforma em um emaranhado de repetições, de
autoplágios acerca de um assunto que a cada dia que passa fica mais saturado,
mais banal. Tu te imaginas escrevendo sobre a importância da água na vida das
pessoas? Todos sabemos que sem água a vida seria insustentável em nosso
planeta. Sem você a felicidade seria insustentável na minha vida. Entende?
Falar sobre o que eu sinto é como escrever sobre coisas que as pessoas estão
carecas de saber. Todos sabem que eu sou extremamente feliz ao teu lado e que a
felicidade que tu trouxestes para a minha vida é única, bela e fundamental.
Mesmo assim, mesmo já tendo dito milhares de vezes e de “n” maneiras o quanto
tu me fazes feliz, resolvi que vou falar. De novo.
Existia, certa vez, uma pessoa que à
todos amava e que por todos era amado. Era alguém perfeito, cuja aura brilhava
e o sorriso contagiava todos a sua volta. Amava à Deus sobre todas as coisas,
não matava, roubava ou se desejava a mulher do próximo. Fazia o bem sem olha a
quem. Tirava do seu bolso para dar aos pobres e tentava persuadir os ricos à
fazer o mesmo. Era tão bom, mas tão bom para com todos, que o que ele falava
era tomado como verdade absoluta, como a verdade boa. Era o líder do Povoado
dos Homens Bons, e todos os que moravam neste lugar eram de fato bons.
Como
em toda a fábula, existia nesta história também, o Povoado dos Homens Maus. Um
lugar com tons de escuro (mais que cinquenta!). O líder do povo mau, era alguém
dez vezes mais perverso que você pode imaginar. Para ele matar era necessário
para tomar o poder um povo, Deus não existia, roubar era rotina e desejar a
mulher dos próprios amigos era sinal de masculinidade, inflava seu ego!
Os bons comiam com três jogos de
talheres. Os maus comiam a coxa e sobrecoxa do pavão na mão, sujando a barba de
graxa. Os bons eram uns... BOBOS. Os maus eram uns.. MAL CRIADOS! Assim como em
uma pilha, estas duas tribos eram de polos diferentes, gostavam de coisas
diferentes, se vestiam de maneiras distintas e possuíam regras de etiqueta e convivência
que divergiam em praticamente todos os pontos. Porém, em um certo dia de
primavera foi declarado ao povo das duas tribos que o Lider Mau e o Lider Bom
iriam pertencer a mesma família logo logo com o casamento de seus filhos:
Florinda e Ervandro. O povo se rebelou (e quem não se revoltaria?), onde já se
viu as duas tribos serem unidas pelo capricho de dois adolescentes bobos? A
balburdia foi tanta, que antes do casamento o jovem casal foi chamado por seus
pais a praça pública explicar o que de fato motivou este amor, praticamente
impossível!
Ervandro, descendente dos maus,
tomou frente nas negociações com os rebeldes:
- Namorei a filha do padeiro da
minha tribo. Tive um relacionamento com a irmã do capitão da aeronáutica. Outra
vez, me encantei com os olhos da secretária de meu pai. Sabe porque não deu
certo? Eram todas iguais a mim! Todas tinham os mesmos valores, os mesmos
pensamentos, todas queriam as mesmas coisas e tinha uma sintonia absurda com
meus pensamentos. Éramos como portas de um elevador que sempre se abrem ao
mesmo tempo. Tudo muito chato! Quando conheci Florinda, percebi que nela estava
tudo o que eu sempre procurei em outras pessoas equivocadamente. Até conhecer
Florinda só havia recebido o que eu já tinha para oferecer. Com ela foi
diferente, pois aprendi que o amor é nada mais que partilhar tudo o que
conhecemos, toda a nossa vivencia com alguém que ainda não tem. É como trocar
CARDS com seus amigos: você troca as suas figurinhas repetidas por alguma que
você não tem. Ou, quando o amigo é verdadeiro,
você dá uma figurinha que você não tem só para ve-lo completar o próprio
álbum. Isso é amizade. Isso é amor. Na Florinda pude perceber que os extremos
precisam ser dissipados, precisam ser neutralizados. Ninguém precisa ser
totalmente bom, ou totalmente mau. Sejamos um povo uniforme! Aprendemos uns com
os outros coisas que sozinhos jamais poderíamos descobrir. Hoje, caso-me com a
menina mais linda que meus olhos já viram e pouco me importa se ela é boa ou
má, se é alta ou baixa, se chora baixinho ou bem alto, se ela me conta tudo o
que sente ou se ela sente tudo o que me conta. Pouco me importa se ela é muito
ciumenta ou só o suficiente para a paixão não morrer. Eu não me importo com o
que temos de diferente, seja em pensamento ou em atitudes, em exemplos ou
virtudes. O que me importa é o bem que ela me faz e a felicidade que ela irá
trazer para os nossos descendentes. Eu declaro que a partir de hoje o povo dos
homens bons e o povo dos homens maus serão chamados por um nome único:
humanidade. Aprenderemos uns com os outros e nas diferenças seremos felizes!
Por um tempo indeterminado...
Depois deste dia, a humanidade
nunca mais foi a mesma. Os povos enfim aceitaram suas diferenças e tão logo
conheceram melhor seus antagonistas perceberam que essa coisa de alto, baixo,
gordo, magro, mau ou bom é coisa da nossa cabeça. No fundo, no fundo são as
diferenças que fazem a nossa vida ter alguma graça. O príncipe Ervandro abriu
um precedente perigosíssimo! Permitiu que pessoas diferentes pudessem se
relacionar e tentar construir um relacionamento uno, diferente de tudo o que já
havíamos vido! Graças ao príncipe Ervandro Bruna e Vinicius puderam se
relacionar e perceber que a gente acaba achando tempo e uma maneira para ser
feliz. Que as coisas só dependem da gente para dar certo e que devemos tentar
antes de pré-julgar se dará certo ou errado. Se namorar alguém diferente é algo
errado, eu sou o errante mais feliz deste mundo à quinze meses! Prefiro não
escrever muito sobre meus sentimentos, felicidade baixinha e dita ao pé do
ouvido embaixo do cobertor ainda é a minha predileta. Hoje sou feliz com todas
as diferenças, com todas as coisas que dão errado, com todas as coisas que
precisamos melhorar. Sou feliz, pois não há maneira de não ser contagiado por
um sorriso dela, por uma palavra de amor, ou por um beijinho atrás da orelha.
Sou feliz com ela porque ainda não me ensinaram a ser feliz sem ela. E NEM
QUERO QUE ME ENSINEM! Se passarem por ela na rua, mandem um beijo meu. E digam
que eu mandei ela ir direto para a nossa cama, pois quero enche-la de beijos.
Feliz quinze meses.
Feliz felicidade!
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