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O saco de pão de queijo

17:25 Vinicius Ferrari 0 Comments Category :

Meio cambaleando pelo álcool Henrique sai do banheiro e encontra com a moça que na porta o esperava. Como era o nome dela mesmo? So lembrava vagamente dela mexendo a boca pra dizer o próprio nome, mas com o som ensurdecedor Henrique só não entendeu como fingiu que tinha entendido. Dançaram juntos a noite toda e quando restavam só os dois na pista de dança Henrique tomou coragem e a beijou. Um beijo demorado com sabor de vodka e jeito daqueles beijos que a gente dá na porta da escola. Um amigo de Henrique dizia que os primeiros beijos de um casal são chamados de visita ao dentista: vamos conhecer a boca e saber o que podemos esperar... E ele não esperava nada, mas ganhou tudo. Um beijo gostoso que parecia não ter fim. Quando terminou ele olhou fundo no olho dela e sorriu, como se aquilo fosse a coisa mais engraçada que ele já tinha visto. E ela retribuiu. Com mais risos e mais beijos.


 Saíram de mãos dadas pela porta da balada até alcançar o carro dela. Estava menos bêbada que ele para dirigir. Seguiram contando histórias e dando risadas, nos semáforos trocavam beijos. No resto do caminho cumplicidades. Chegaram na casa dele e Henrique perguntou se a morena que o trouxera não queria subir no apartamento para conhecer sua coleção de discos de vinil. Ela riu.  Decidiram subir. Henrique não levava ninguém para sua casa desde que matara a si mesmo no espelho daquela balada. No elevador mais beijos e as mãos começavam a alcançar lugares novos. Bundas, costas, coxas e antebraços. Os beijos foram descendo em direção ao pescoço e vez em quando contornavam a nuca. Chegaram no andar de Henrique.

A casa estava bagunçada assim como se espera de um jovem solteiro que vive sozinho. Roupas espalhadas pela sala, pelo quarto, por tudo. Encabulado Henrique pediu desculpas pela bagunça e foi tomar um banho. Ela, a morena dos olhos esverdeados começou a arrumar a bagunça sem ser convidada. Quando saiu do banheiro Henrique perguntou espantado que barulho era aquele vindo da área de serviço.
- Liguei a máquina pra lavar essa tua roupa, tava me dando agonia!

Gargalharam e Henrique pensou consigo mesmo "essa é pra casar!". As luzes do quarto se apagaram e Henrique percorreu com a boca todos os centímetros do corpo da linda morena que ocupava a sua cama. As nadegas, a barriga, a nuca, o sexo. Beijavam-se e amavam-se como se aquela fosse a última noite da vida deles. E de certa forma seria. Fizeram amor até cansar. Tomaram banho juntos e ele cozinhou pra ela. Comeram no sofá assistindo a um telejornal da madrugada. Riam das notícias. Riam da situação. Riam deles mesmos. Ele a observava vestida de calcinhas e com uma camiseta dele de algodão. Henrique achava aquela morena dos olhos verdes seminua em seu sofá a garota mais gostosa do mundo. Lavaram os pratos e foram dormir, de conchinha como se fossem um casal de 4 anos e não de 4 horas. Somente uma coisa deixava Henrique chateado: como pudera esquecer o nome de sua musa? Agora, depois de tudo o que viveram achava indelicado perguntar. Adormeceu com a dúvida. 


Pela manhã Henrique acordou procurando por ela. Não a encontrou. Teria sonhado? Na cozinha um saco de pães de queijo da padaria da esquina reinava absoluto em cima da mesa. Grudado ao saco encontrou um bilhete que lhe provocou o mesmo riso idiota que tanto fez parte de sua face na última noite. 

"Espero que goste de pães de queijo assim como eu gostei da nossa noite. Com você eu consigo ser eu mesma. Obrigado! Com carinho, Bárbara".

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